A instituição de ensino e a qualidade de vida no trabalho

Sempre foi difícil questionar o nobre papel da escola na educação das pessoas, mas com a evolução tecnológica e o passar natural dos tempos, as necessidades pessoais e profissionais alteraram-se substancialmente, muitas vezes gerando um certo nível de tensão quando essas necessidades permanecem insatisfeitas ou são atendidas inadequadamente.
E uma “situação de tensão” pode ser provocada quando as pessoas se encontram diante de uma grande dificuldade e possuem pouca habilidade para lidar com ela.O contrário, quando a dificuldade não é grande, mas a habilidade para lidar com ela existe num grau maior, aparece o que chamamos de “situação de tédio”.
Estas situações também podem acometer o estudante, que continua conservando suas características de audácia em suas pretensões pessoais e profissionais, talvez até porque muitas vezes não possui uma visão completa e profunda dos contextos e realidades à sua volta.O estudante espera sempre muito mais de qualquer coisa e invariavelmente conta com a instituição de ensino como parceira nisso.
Contudo, de forma alguma lhe pode ser tirado o mérito de possuir, não raras vezes, uma visão crítica das variáveis e ocorrências com que nos defrontamos no dia-a-dia, caracterizando-as de uma forma realista, racional e ao mesmo tempo corajosa, arrojada.
Isto posto, temos de admitir que cada vez mais as instituições de ensino são cobradas para adotarem uma postura mais voltada à educação para o trabalho, para os negócios, isto é, que elas não só repassem conhecimento, mas estimulem os alunos a pesquisarem, refletirem e debaterem temas relativos ao “business” onde estes já estão inseridos ou pretendem fazê-lo na primeira oportunidade.
Ocorre, no entanto, que a realidade dos fatos atuais nos desafia diariamente a encontrar caminhos viáveis para o alcance das metas de carreira dos estudantes ou, no mínimo, seu ingresso no mercado de trabalho, em função, predominantemente, das exíguas possibilidades de emprego formal e das incertezas do empreendedorismo informal.
Pergunta-se: como obter qualidade de vida no trabalho neste contexto?Como a escola pode ajudar o estudante a conviver e/ou gerenciar o desgaste provocado pela busca frenética por “um lugar ao sol” e a necessidade de um nível mínimo de tranqüilidade, conforto espiritual e saúde física e mental, requisitos indiscutivelmente necessários a uma sobrevivência digna?
Amenizar-lhe o inevitável impacto da realidade desse mercado, mascarando as mazelas e efetivos obstáculos é no mínimo, desonesto, senão antiético.
Impingir-lhe falsas possibilidades para não desestimulá-lo e frustrá-lo, pode, ao mesmo tempo, dotá-lo de um grau de alienação em relação ao seu contexto real que implique, com forte possibilidade, em patologias físicas e/ou mentais de difícil diagnóstico, controle ou solução.
A instituição de ensino pode fazer a sua parte, e para isso deve, prioritariamente:
-Procurar, utilizando a “expertise” dos mestres, considerando que boa parte deles “vive” o dia-a-dia do mercado de trabalho como gestores ou consultores além do papel acadêmico, atualizar-se constantemente sobre a realidade do mercado de trabalho, buscando apresentá-la para os estudantes, como um fato a ser gerenciado e um desafio a ser vencido;
-Utilizar todo o seu potencial acadêmico criativo para provocar e estimular os alunos a pensarem alternativas de trabalho e de estilo de vida que lhes proporcionem conforto psicológico, social e econômico, por meio da difusão de que qualidade de vida no trabalho é um processo que incorpora um conjunto de atitudes e posturas devidamente associadas e integradas, no âmbito biopsicossocial;
-Fomentar nos alunos a necessidade de uma definição clara do estilo de vida que almejam ter, considerando a atividade profissional como integrante inevitável do sistema, fornecendo-lhes oportunidade de repensarem suas pretensões pessoais e profissionais presentes e futuras.
Desta forma e só assim poder-se-á considerar a escola como uma autêntica e confiável parceira do estudante na busca de seus sonhos.

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